e essa ordem que tudo rege no planeta
os átomos, os códigos, as senhas
tudo tão rigorosamente orquestrado
eliminando da teoria o capítulo dos acasos
me enlouquecendo com tantos argumentos
como se o óbvio fosse óbvio mesmo
se tudo segue um rito, um ritmo
uma cadência perfeita de sequências
onde a lógica se intitula a regente
e afirma dura e categoricamente
que o amor é apenas bioquímica
por que então fico eu aqui na soleira
olhando o abismo que no horizonte se desenha
se foi você quem disse que me amava?
por que fico eu esperando que um toque
leve embora a tua ausência?
por que o ônus de me sentir amada
me faz desse sabor tão viciada?
prisioneira sem algemas,
dolorosamente livre de corpo e alma
para não ser nem tua, nem de mais ninguém
se eu nunca disse que te amei?
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