terça-feira, 30 de abril de 2013

Ensaio de uma noite imaginária

 
 
 
 
entre línguas de fogo e marcas na parede
estão as minhas mãos suadas, trêmulas
não sei de onde vem a luz que brilha
ouço a voz que sussurra no meu ouvido, meu ponto
à distância, na coxia ou do outro lado do mundo
e conduz os meus passos até o precipício
me empurra com força, de frente
para ver nos meus olhos o que sinto
enquanto o meu corpo é consumido pelas chamas
e sentir o prazer de me ter destruído
 
depois cola os meus cacos com saliva
monta peça por peça, artesão do meu desejo
e se entrega ao seu destino, baixa a guarda
sente no corpo a sede da minha vingança
que só com a boca te desfaço em mil pedaços
e assim as horas passam, o sol e a lua mudam de lado
ele é só um macho que domina a sua fêmea, no cio
ela, uma dançarina que faz do seu par coadjuvante, às vezes
e na troca de pele, os papéis desaparecem
o espetáculo termina, entre sorrisos e vênias
 

Eliane Barreto 

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