sábado, 27 de abril de 2013

A venda de dentro dos olhos


tudo à sua volta é falso
não vê as paredes ruírem?
na próxima chuva serão levadas
e quando o sol secar as suas lágrimas
nem a areia terá debaixo dos sapatos
que o vento se encarregará do resto
 
não sei o que está procurando
não vejo nada nos seus olhos
não ouço nada da sua língua
parece tão oculto, nem você avista
talvez esteja enterrado aí dentro
por isso suas mãos estão geladas
e já não se reconhece no espelho

me pede para não telefonar
que amanhã vai ser diferente
mas eu sei que me mente
sei que mente com todos os dentes
conheço a voz do seu demônio
as frases feitas que ele lhe sussurra
e você pensa que é a vontade do seu deus

acabaram-se as cartas do jogo
os prazos para pagar a sua dívida
o destino lhe espera do lado de fora
mas você insiste em ignorá-lo
em acender um cigarro apagado
e regar as suas as flores de plástico

 

3 comentários:

  1. é extramente bonito, ao estilo de mestres, usa temas e termos que eu gosto pra dizer coisas reais , e com tanto sentido que parecem passar desapercebido ao cotidiano.
    Lindo !!!

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  2. Nossa!!!! adorei, perfeito, envolvente e algo mais.

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  3. Assemelha-se ao meu Colibri. Contenta-se com aquela garrafa de água adocicada, com as cores das flores plásticas, que na varanda está pendurada. E Eu, Ixora-Rei, flor de seu desejo, com todo o néctar a oferecer, só, no jardim do desejo e do prazer.

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