um sonho no meio fio
um verso pelo meio
um copo meio vazio, o outro meio cheio
a televisão sempre acesa
dois olhos vidrados
duas bocas caladas
duas páginas viradas
uma para cada lado
dois olhos vidrados
duas bocas caladas
duas páginas viradas
uma para cada lado
o epílogo sem enredo
lá fora a lua não é vista
e na tela tanto beijos
tantos romances sobre nós
e na tela tanto beijos
tantos romances sobre nós
a sós, dois pratos sobre a mesa
dum jantar feito à pressa
já sem tempero, sem amor
gelando o alimento
já sem tempero, sem amor
gelando o alimento
transpirando o vinho
evapora o afrodisíaco
no narcótico do silêncio
evapora o afrodisíaco
no narcótico do silêncio
no gesso do cotidiano
tricotado a quatro dedos
Eliane Barreto
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