sábado, 28 de fevereiro de 2015

Ritos


beija-me antes que seja hora de partir
antes que desapareça o brilho das estrelas
antes que eu recupere a minha prudência
e comece a ponderar os prós e os contras

tem coisas que a matemática não alcança
tem forças que confundem as respostas
e subtraem das perguntas qualquer lógica
tem horas que o silêncio traduz tantos gritos

beija-me antes que viremos amigos
antes que você perceba que eu rio à toa
de todas as tuas piadas, até mesmo quando se cala
antes que o óbvio venha à tona

não finja que não deseja o mesmo que eu
você não estaria comigo, numa noite de sábado
me ouvindo falar do meu tolo cotidiano
que eu tento florear mais que os vasos da varanda

então, beija-me
pare de falar, pare de evitar
esse beijo que já aconteceu no nosso desejo
desde o momento em que eu te abri a porta




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Arbítrio

 
e se tudo foi um engano
se fomos vítimas de um encanto de sereia
ou da miopia de um velho cupido
 
e se estamos ainda entramados
por não saber como nos livrar desses versos
que nos receita o amor como remédio
 
e se eu deveria te deixar ir
e tapar os meus olhos para o teu destino
e apagar atrás de mim, o meu rasto
 
mas se você quiser ficar, que fique direito
você será sempre livre, para me amar
como também é livre para não ser meu
 
o arbítrio é o que pende o fio do equilíbrio
é o que move agulha da bússola e aponta os rumos
é o sol que dissipa as brumas das incertezas