quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Replay

 
 
às vezes eu só preciso que você acredite em mim
 como um último fio que não se desfaz
quando a corda no penhasco parece se romper
como uma vírgula que confunde os pontos finais
unindo argumentos, sem terminar as frases
como um risco que reinicia a melodia do vinil
quando a agulha desliza sobre as derradeiras linhas
eu te peço, olhe para mim, em mim
não temos outro lugar comum que em 'nós'
singular composto de nós, cegos laços
acredite em mim, replay baby
vezes e vezes, sem fim
 
 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Birra

 
 
o relógio quebrado me desliga do óbvio
o fluxo interrompido das horas jorra o silêncio
lá fora tudo não passa de vento e intervalo
mais do mesmo que resulta num punhado de nadas
postes seguram lamparinas, mesmo quando estão frias
o amor que ora dilacera o peito, outrora remenda feridas
 
o faz de conta é um artifício paliativo, passatempo
retém os medos por trás dos frouxos sorrisos
tão falsos quanto os diamantes de acrílico
lentamente escorrego pelo dia, esvaindo em sonhos
pedidos de socorros inaudíveis, porém nunca ditos
teimosamente enterrados, sob sete palmos de argumentos